Tantas palavras

Olá leitoras e leitores,

Hoje as sugestões do acervo são para comemorar o aniversário do compositor e escritor Francisco Buarque de Hollanda – mais conhecido como Chico Buarque – nascido na cidade do Rio de Janeiro em 19 de junho de 1944.  Desde a sua juventude, Chico foi autor de grandes contribuições para o nosso cenário cultural, artístico e político, destacando-se a participação nos festivais de Música Popular Brasileira (MPB), a presença em movimentos estudantis dos anos 60 e na passeata dos Cem Mil contra a repressão do regime militar (1968).  Nessa fase, já compunha músicas que denunciavam apectos politicos e sociais da época, sendo censurado durante os anos de chumbo da ditadura. No meio musical fez parcerias com os renomados Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Baden Powell e Gilberto Gil, dentre outros.  Chico também ingressou no mundo literário com a publicação de peças teatrais e romances, duas obras infantis e uma coletânea com as letras de todas as suas canções.  Os títulos da 'biblioteca Chico Buarque' incluem: Roda Viva (1967), Chapeuzinho Amarelo (1970), Os saltimbancos (1977), Gota D’Água (1975), Ópera do Malandro (1978), Estorvo (1991), Benjamim (1995), Budapeste (2003), Tantas palavras: songbook (2006), Leite derramado (2009) e O Irmão Alemão (2014). Por sua produção literária de sucesso recebeu três prêmios Jabutis nos anos de 1992, 2004 e 2010 e também o Prêmio Camões em 2019, principal troféu literário da língua portuguesa.

E a nossa primeira indicação de leitura é Chapeuzinho Amarelo, uma paródia poética do clássico Chapeuzinho Vermelho, mas dessa vez mostrando o lado amarelado - quase desmaiado - de uma menina que tem um medo medonho de tudo, principalmente de Lobo e de outras tantas coisas que habitam sua imaginação.  Porém, ela não fica refém deste sentimento já que os receios vão se desfazendo e, muitas rimas divertidas depois, nossa heroína mostra que encarar os desafios de frente, com determinação e persistência, são formas de “transformar em companheiro cada medo que ela tinha”.  Os versos de Chico Buarque fazem sintonia perfeita com as ilustrações do cartunista Ziraldo, e a obra recebeu o selo Altamente Recomendável para Crianças, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).

Quer conferir a história? Então dá o play e reveja a Hora do Conto na voz da psicopedagoga e atriz Márcia do Canto:

A segunda dica é o livro Budapeste, romance que aborda os conflitos de personalidade e situações irônicas vividas por um escritor de aluguel: “Ao concluir a autobiografia de um bizarro executivo alemão que fez carreira no Rio de Janeiro, José Costa, um ghost-writer de talento fora do comum se vê diante de um impasse criativo e existencial. Escriba exímio, ‘gênio’, nas palavras do sócio que o explora na 'agência cultural' que dividem em Copacabana, Costa, meio sem querer, de mera escrita sob encomenda passa a praticar ‘alta literatura’. Também meio sem querer, vai parar em Budapeste, onde buscará a redenção no idioma húngaro, ‘segundo as más línguas, a única língua que o diabo respeita’.  Narrado em primeira pessoa, combinando alta densidade narrativa com um senso de humor muito particular, Budapeste é a história de um homem exaurido por seu próprio talento, que se vê emparedado entre duas cidades, duas mulheres, dois livros, duas línguas e uma série de outros pares simétricos que conferem ao texto o caráter de espelhamento que permeia todo o romance, confirmando Chico Buarque como um dos grandes romancistas brasileiros da atualidade.”   

E se você quer descobrir como o Chico Buarque compositor imprime 'ritmo e melodia' também em seus livros, acompanhe a entrevista Os ritmos da prosa, realizada em 2019:

Obras sugeridas de Chico Buarque: Chapeuzinho Amarelo, com ilustrações de Ziraldo (Autêntica, 40. ed., 2017) e Budapeste (Companhia das Letras, 2003).

Resenha do livro Budapeste adaptada de Companhia das Letras.

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